NOTÍCIAS
CNJ e MPT reafirmam parceria por agenda do trabalho decente no sistema prisional
17 DE JANEIRO DE 2023
A parceria entre o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e o Ministério Público do Trabalho (MPT) para qualificar o cumprimento da Política Nacional de Trabalho no âmbito do Sistema Prisional (PNAT) entra em nova fase. A renovação do termo de cooperação técnica a partir de parceria iniciada em 2020 objetiva a promoção de vagas para pessoas presas e egressas e a fiscalização do cumprimento da política de cotas, principal dispositivo da PNAT (estabelecida pelo Decreto n. 9.450/2018) para ampliação deste índice e objeto de orientação técnica conjunta publicada em 2021.
O novo plano de ações prevê o fomento para a criação de grupos de trabalho interinstitucionais nas unidades federativas para discussão política e implementação de estratégias locais de regularização e fiscalização das cotas. Articulados em 18 unidades federativas, os grupos promovem diálogos permanentes entre MPT e os Grupos de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário (GMFs), que têm atuado para proposição de agendas legislativas voltadas à criação de Fundos Municipais de Políticas Penais e políticas estaduais e municipais de cotas para pessoas privadas de liberdade e egressas do sistema prisional.
Também no escopo do novo plano está a proposição de minuta normativa que prevê parâmetros de atuação do Poder Judiciário no que diz respeito a fiscalização, regularização e acompanhamento das iniciativas de trabalho dentro das unidades prisionais, propondo parâmetros referentes a remuneração, saúde e qualidade dos trabalhos. Estão previstas ainda a realização de encontro nacional destinado a gestores públicos e privados e articulações institucionais para incentivo à adoção de estratégias de sustentabilidade para a PNAT e priorização da aquisição de bens e serviços oriundos do sistema prisional.
“O primeiro termo pactuado foi importante para chegarmos a uma estratégia conjunta para fortalecimento da PNAT e cumprimento da Resolução CNJ n. 307/2019. Realizamos estudos e a publicação de orientação técnica focada na política de cotas. O desafio agora é, além de fiscalizar o cumprimento dessa política, promover vagas e fortalecer os Escritórios Sociais”, indica o coordenador do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas do CNJ (DMF/CNJ), Luís Lanfredi.
Para o juiz auxiliar da Presidência do CNJ com atuação no DMF Jônatas Andrade, a disseminação da Agenda de Trabalho Decente, desenvolvida e diagnosticada com apoio da Organização Internacional do Trabalho, é fundamental. “O maior instrumento de ressocialização, restauração e emancipação de populações vulneráveis é o trabalho decente”. Ele ainda destaca que a promoção do trabalho decente, além da geração de ocupação e renda, representa meios efetivos para o alcance de condições dignas de vida dentro e fora do cárcere.
Responsável pela Coordenadoria Nacional de Combate às Irregularidades Trabalhistas na Administração Pública (Conap), a procuradora do trabalho Andrea Gondim destaca a importância da parceria. “Essa é uma importante iniciativa para a promoção do trabalho decente no sistema prisional, diminuindo o índice de reincidência, promovendo ressocialização efetiva e diminuindo o encarceramento, em razão da remição da pena”.
Contexto
O acesso ao trabalho e a geração de renda dignos para pessoas privadas de liberdade e egressas do sistema prisional é fundamental para a garantia de sua ressocialização e reabilitação. Dados recentes do Poder Executivo, no entanto, apontam que presos que trabalham são exceção no sistema penitenciário brasileiro. Dos 670 mil encarcerados, cerca de 134 mil têm ocupação — o que representa apenas 20% do total. O desafio aumenta fora das prisões, quando pessoas egressas enfrentam estigmas e encontram dificuldades para recolocação em postos de trabalho.
O CNJ vem trabalhando o tema com o apoio técnico do programa Fazendo Justiça, uma parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e apoio do Departamento Penitenciário Nacional para incidir em desafios no campo da privação de liberdade, o que inclui a promoção da cidadania de pessoas presas e egressas.
É nesse contexto que o programa atua pela implantação de políticas e serviços penais com foco na oferta de qualificação e acesso ao trabalho decente e pela qualificação e expansão dos Escritórios Sociais em todo o país. Consolidados como estratégia central no Poder Judiciário para o fomento à Política de Atenção às Pessoas Egressas do Sistema Prisional, há mais de 30 unidades dos Escritórios Sociais presentes em todo o país.

The post CNJ e MPT reafirmam parceria por agenda do trabalho decente no sistema prisional appeared first on Portal CNJ.
Outras Notícias
Portal CNJ
Justiça eleitoral do Paraná destaca crescimento do eleitorado jovem no Brasil
23 de fevereiro de 2023
O alistamento na Justiça Eleitoral e o voto são obrigatórios para maiores de 18 anos conforme estabelecido...
Portal CNJ
Encontro da Memória 2024: Tribunais podem se candidatar a sede até 31/3
23 de fevereiro de 2023
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) ampliou até 31/3 o prazo para as candidaturas dos tribunais interessados em...
Anoreg RS
“Incomum” no Brasil, Samba é nome popular entre pessoas de países africanos
23 de fevereiro de 2023
O ritmo que embala o carnaval brasileiro também é nome próprio na Gâmbia, país da África Ocidental onde o...
Anoreg RS
Artigo – Afinal, o companheiro é ou não herdeiro necessário? – Breves considerações acerca do seu regime sucessório – Por Anderson Nogueira Guedes:
23 de fevereiro de 2023
Com a Declaração de Inconstitucionalidade do artigo 1.790 do Código Civil, no julgamento dos Recursos...
Anoreg RS
e-Revista debate uniformização regulatória registral e notarial pelo CNJ
23 de fevereiro de 2023
Para Cruz e Moraes, o ordenamento jurídico tem como finalidade oferecer segurança jurídica e proporcionar paz nas...