NOTÍCIAS
Priorização do 1º grau: distribuição proporcional do orçamento impacta na eficiência do Judiciário
12 DE MAIO DE 2023
O corregedor Nacional de Justiça, ministro Luis Felipe Salomão, defendeu a presença física dos juízes nas comarcas e a maior participação dos magistrados de primeiro grau em todas as fases da elaboração das propostas orçamentárias anuais como maneiras de melhorar a prestação e o serviço à população. O tema foi abordado no último dia do webinário “Resolução CNJ n. 219/2016 – Comitê Gestor da Política Nacional de Atenção Prioritária ao Primeiro Grau de Jurisdição”, promovido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
O evento discute maneiras de aprimorar a eficiência da Justiça de primeiro grau, com base na resolução em debate, que dispõe sobre a distribuição de servidores, de cargos em comissão e de funções de confiança nos órgãos do Poder Judiciário. Salomão afirmou que o normativo proporcionou avanços, mas defendeu atualizações para aprimorar a gestão do Judiciário, no que diz respeito à distribuição de recursos e previsão orçamentária.
“Avançamos bastante, mas ainda há muito o que fazer. Essa resolução trouxe avanços inegáveis, mas é preciso atualizá-la. Não basta caminhar apenas com essa questão da força de trabalho se não ativarmos ou intensificarmos a participação de juízes de primeiro grau nas diversas etapas das propostas orçamentárias”, disse Salomão.
Ao contextualizar como funcionava a organização do Estado brasileiro e os primórdios sobre o planejamento e controle da Administração Pública, compreendidos em meados dos anos de 1940, o corregedor lembrou que a autonomia financeira e orçamentária do Poder Judiciário só aconteceu com a promulgação da Constituição de 1988. Antes disso, cada seguimento do Judiciário possuía sua própria gestão administrativa e orçamentária nos estados. E, segundo ele, essa nova realidade trouxe grande desafio para os juízes e agentes públicos da Justiça.
“Nós, juízes, tivemos que nos adaptar a essa situação porque o planejamento e a gestão, se não era uma característica do estado brasileiro, para nós, do judiciário, era uma miríade, especialmente porque cada estado tinha sua gestão administrativa do tribunal e nós tivemos que nos adaptar a isso e logo depois veio a Lei de Responsabilidade Fiscal. Então a evolução deste tema levou à elaboração das resoluções do CNJ a respeito de orçamento e distribuição dos servidores”, elucidou Salomão.
Por mais participação
Em sua fala, Salomão defendeu ainda a maior participação dos juízes de primeiro grau em todas as etapas do processo de proposta orçamentária. “Se a magistratura do primeiro grau não encontrar uma fórmula em que haja essa participação em todas as etapas, não adianta a gente programar a distribuição da força de trabalho e nenhum outro esforço, porque o primeiro grau não vai ser prioridade para a distribuição de recursos”, afirmou.
O ministro ressaltou a importância do debate para a melhor adequação da força de trabalho, especialmente depois da pandemia e das novas regras de retorno ao trabalho presencial. “A presença física não pode ser superada, pode ser equacionada. Temos que otimizar a utilização das ferramentas de tecnologia, mas é imprescindível a presença física nas comarcas e nas atividades essenciais do Poder Judiciário. Não pode haver juiz em sã consciência que diga que a presença física dele na comarca é indispensável”, advertiu.
Indicadores
Em seguida, a diretora-executiva do Departamento de Pesquisas Judiciárias do (DPJ/CNJ), Gabriela Soares, apresentou o painel “Diagnóstico da Política Nacional do Primeiro Grau de Jurisdição” — um trabalho de acompanhamento da implementação das medidas previstas na Resolução n. CNJ 219/216 que avalia se os tribunais estão ou não cumprindo os parâmetros da norma.
As análises apresentadas por Gabriela avaliaram os resultados de tribunal por tribunal. Uma das conclusões é de que, em 21 tribunais, a proporção de orçamento é menor que a proporção de casos novos no primeiro grau. Contudo, conforme a norma, a resolução estabelece que o número de servidores deve ser proporcional ao número de processos novos do último triênio. A proporção de valores integrais de cargos e funções comissionadas devem ser proporcionais ao número de casos novos. Ela chamou atenção para a importância do “Prêmio CNJ de Qualidade” como maneira de estimular o alcance das metas propostas na resolução.
O secretário especial de Programas, Pesquisas e Gestão Estratégica do CNJ, Ricardo Fioreze, destacou a importância da pesquisa e dos dados levantados para o sucesso do planejamento derivado das medidas previstas na resolução.
“Precisamos nos basear em evidência para conhecer a realidade e assim atingir as metas”, ressaltou.
Em suas considerações finais, o conselheiro e coordenador do Comitê Gestor de Política Nacional de Atenção Prioritária ao Primeiro Grau de Jurisdição, Giovanni Olsson, enfatizou a importância das contribuições que enriqueceram o debate durante os dois dias de seminário.
“Essas contribuições foram necessárias para a reflexão dessa política de atenção prioritária ao primeiro grau de jurisdição e, dentro dela, da própria Resolução CNJ n.219/2016, que é o pilar mais importante e mais visível do seu tripé”, declarou.
Estiveram presentes no seminário a juíza do Tribunal Regional do Trabalho (TRT20) Flávia Pessoa, a juíza do Tribunal de Justiça de Rondônia (TJ-RO) Euma Tourinho, e o juiz do Tribunal Regional Federal de Santa Catarina (TRF4) Vilian Bollmann.
Texto: Michelle Martins
Edição: Juliene Andrade
Agência CNJ de Notícias
The post Priorização do 1º grau: distribuição proporcional do orçamento impacta na eficiência do Judiciário appeared first on Portal CNJ.
Outras Notícias
Anoreg RS
Ministro Alexandre de Moraes vota contra marco temporal para demarcação de terras indígenas
09 de junho de 2023
Julgamento foi suspenso por pedido de vista do ministro André Mendonça. O Plenário do Supremo Tribunal Federal...
Anoreg RS
Comissão da Câmara aprova PL sobre perda da herança de herdeiro indigno
09 de junho de 2023
O Projeto de Lei 7.806/2010, que determina a perda automática da herança nos casos de indignidade, após trânsito...
Anoreg RS
Titular de cartório não é obrigado a pagar contribuição salário-educação, decide STJ
09 de junho de 2023
TRF4 havia concluído que a contribuição salário-educação somente é devida por empresas A 2ª Turma do...
Portal CNJ
Observatório dos Direitos Humanos do Judiciário apresenta relação entre povos originários e preservação ambiental
09 de junho de 2023
A presidente do Supremo Tribunal de Justiça (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministra Rosa Weber,...
Portal CNJ
Corregedoria Nacional apresenta resultados na atuação junto às corregedorias locais
09 de junho de 2023
Os esforços do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e da Corregedoria Nacional Justiça na gestão e no planejamento...